A Música
Como uma gota de óleo numa engrenagem seca
O inalar de um velho perfume
Uma pitada de sal na ferida viva
É a música dentro de mim...
Esse trecho é parte de um poema de minha autoria intitulado, A música.
A música faz parte do repertório de minha vida desde a infância. Quando criança eu gostava muito de cantar. Mas era só eu abrir a boca, alguém gritava:
- Ah não! Já vai começar?
Em minha casa havia um terreiro muito grande, todo de chão. A casa simples era rodeada de plantas, hortaliças e muitas flores. Meu pai, jardineiro, cercava os canteiros com grama que buscava nos lotes vagos que haviam por perto. Adubava com esterco que catava pelos caminhos onde os animais passavam. Lembro-me das fileiras de cenourinha, pimentão, abobrinha de árvore...
E de seu olhar ao me dizer:
- Minha filha, planta é que nem criança. Tem que pegar com jeito, com carinho e cuidar, se não ela morre...
Mas, eu quero falar é da música.
Quando eu queria massagear a minha alma, o remédio era cantar. Para não incomodar a ninguém eu passava a mão numa vassoura e começava a varrer. A varrer e a cantar.
Assim ninguém implicava. Varria cada cantinho sem deixar nada. E cantava todas as músicas que eu conhecia da escola, da igreja e do rádio.
Levava duas horas de relógio para terminar minha tarefa.
Passado esse tempo eu estava feliz e satisfeita. Olhava para trás e o terreiro estava perfeito, lindo, limpo.
Esgotando o meu repertório eu varria também a alma e ficava feliz.
Tudo me tiraram Deixando-me nua, refém do deboche da sociedade. Tiraram-me a voz, a liberdade e a identidade. O orgulho de ser, de viver. De avançar com prazer. Deixando-me estagnada, exangue... Tiraram-me as pistas físicas Mas não o universo do mundo que vive em minhas células. Que transitam nas minhas veias E grita em silêncio no interior de mim. Calaram a minha voz. Mas não silenciaram o meu canto. Cida Araújo autora
quarta-feira, 25 de março de 2009
sexta-feira, 13 de março de 2009
Dia Internacional da poesia
Osório Manoel, grande poeta africano de Moçambique(Foto)
Antônio Frederico de CASTRO ALVES
Um jovem apaixonado pelas grandes causas sociais de liberdade e justiça.
14 DE MARÇO DE 1847. Nascia o carismático poeta baiano autor de um dos mais belos poemas cujo tema era a escravidão: NAVIO NEGREIRO
Em sua homenagem foi escolhido o dia 14 de março como o DIA INTERNACIONAL DA POESIA.
Saudando poetas e poetisas que ainda acreditam na possibilidade de se plantar uma flor. E para todos os amantes da poesia
Um pouco de mim em forma de poesia:
Comunicação
Quando criou Deus o mundo
Palavras também ele criou.
Distribuindo-as entre os povos da terra.
Um pacote especial
Em seu coração guardou.
Passeando numa tarde,
Nos jardins do paraíso,
Um poeta encontrou.
Abriu então o peito
E aquela preciosidade
Em seu coração derramou.
Por isso que a comunicação entre
Poetas é feita pelo olhar.
---------------
De tudo isto o poeta já viveu um pouco:
Levantar de madrugada,
Tomar a companheira caneta
E escrever uma toada.
Ter um poema de tema, saudade
E um monte de tema, solidão.
Despistar contando piada,
Fugindo da dor no coração.
Ter por herança um caderninho
De antigos madrigais.
Viver intensas paixões platônicas.
Nisto todos somos iguais.
Poetas perdidos
No bruto artificial.
Venham pra minha casa
Sem trancas e sem tramelas.
Venham pro nosso habitat natural.
Fragmentos de poemas do livro (Mulher o axé do criador) – Cida araújo
Um jovem apaixonado pelas grandes causas sociais de liberdade e justiça.
14 DE MARÇO DE 1847. Nascia o carismático poeta baiano autor de um dos mais belos poemas cujo tema era a escravidão: NAVIO NEGREIRO
Em sua homenagem foi escolhido o dia 14 de março como o DIA INTERNACIONAL DA POESIA.
Saudando poetas e poetisas que ainda acreditam na possibilidade de se plantar uma flor. E para todos os amantes da poesia
Um pouco de mim em forma de poesia:
Comunicação
Quando criou Deus o mundo
Palavras também ele criou.
Distribuindo-as entre os povos da terra.
Um pacote especial
Em seu coração guardou.
Passeando numa tarde,
Nos jardins do paraíso,
Um poeta encontrou.
Abriu então o peito
E aquela preciosidade
Em seu coração derramou.
Por isso que a comunicação entre
Poetas é feita pelo olhar.
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De tudo isto o poeta já viveu um pouco:
Levantar de madrugada,
Tomar a companheira caneta
E escrever uma toada.
Ter um poema de tema, saudade
E um monte de tema, solidão.
Despistar contando piada,
Fugindo da dor no coração.
Ter por herança um caderninho
De antigos madrigais.
Viver intensas paixões platônicas.
Nisto todos somos iguais.
Poetas perdidos
No bruto artificial.
Venham pra minha casa
Sem trancas e sem tramelas.
Venham pro nosso habitat natural.
Fragmentos de poemas do livro (Mulher o axé do criador) – Cida araújo
sábado, 7 de março de 2009
8 de março - 2009
Minha homenagem ao Dia internacional da mulher
ASSISTINDO A VIDA
Assistindo a vida eu vi:
Mulheres condenadas por matarem no ventre
Embriões condenados na concepção.
Mulheres lutando para salvarem no tempo
A espécie humana em extinção.
Assisti a prostituição sagrada
De meninas e meninos em troca de pão.
Espoliados e descartados
No submundo da ambição.
Vi mãos calejadas e doentes,
Portas fechadas, corações inclementes.
Corpos tombados, nos campos e cidades,
Crivados de bala e solidão.
Assisti o desequilíbrio ecológico-humano
Estancando lágrimas,
Trincando dentes.
Minando a dor, o desalento e a mágoa
De a tudo assistir:
Sem no entanto fazer nada.
Um dia percebi que o sol brilhava.
A um micro célula de esperança
Agarrei-me.
Do subúrbio da insignificância
Levantei-me.
De mera espectadora me tornei
Jogadora, técnica e juíza
Lutando feroz contra toda incoerência,
Esgotei meus argumentos
Impotente e infeliz.
Dos escombros da vaidade,
Assisti minha própria queda...
Introspectivamente
Para dentro de mim caminhei.
Da solidão e do silêncio
Assisti a vida;
Imparcial e natural:
Metamorfose...
Movimento...
Chegadas e partidas.
Recomeçar e recomeçar
Mistérios...
Mistérios...
E mistérios
Autoria - Cida Araujo – Livro - Mulher o axé do criador –
E mistérios
Autoria - Cida Araujo – Livro - Mulher o axé do criador –
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