domingo, 22 de novembro de 2015

QUERO VER O SOL

Quero ver o sol
Quero pegar toda a dor do mundo
Colocar dentro de um pote
E arremessá-lo para o alto.
Quero pegar minha tristeza
Pisar, espedaçar, de ela fazer
picadinho
E jogar no fundo do mar.
Quero arrancar minha dor sem quebrar
meu coração.
Quero caminhar ao lado de tudo que me
destrói
Com meus sentidos inalterados
Sem macular minha integridade.
Quero apenas isso
Emergir da sucata
Juntar meus pedaços e colocar-me de
Olhar o horizonte e ver o sol!
Autora - Cida Araújo (Do livro - Paralelos sociais)

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

De volta pra casa

Deus seja louvado pela alegria que encontrei em minha casinha.
Desci do MOVE no Jardim da glória, atravessei a pista e subi a passarela. Comecei a pensar em como encontraria minha casinha. Disse com meus botões. Devo começar a treinar o desapego. E fui pensando; Meu manacá estava florido, deve já ter murchado todas as flores. Três orquídeas estavam com botões... Será que suportaram a minha ausência... Fui ficando mais apreensiva à medida que me aproximava. Coloquei a chave no buraco da fechadura e logo ouvi os latidos desesperados de Lola. Quase me derrubou no chão ao manifestar sua alegria pela minha volta.
E O manacá, para minha surpresa estava ainda mais florido.
A roseira cheia de botões.
Elas resistiram firmes porque sabiam do carinho que receberiam com minha chegada. Ao entrar na varanda quase tive um faniquito!
A orquídea MARAVILHOSA.
Exibindo um galho quase todo florido.

quinta-feira, 9 de julho de 2015

1 A HISTÓRIA QUE O BRASIL NÃO CONTOU

20 DE NOVEMBRO - CONSCIÊNCIA NEGRA. ESTE POEMA É MEU GRITO NEGRO!

A HISTÓRIA QUE O BRASIL NÃO CONTOU 123
Cida Araújo
Pouco, me ensinaram a escola e a sociedade sobre minha verdadeira história.
Sobre minhas raízes, realidade.
Ao me falarem da escravidão ressaltaram o poder dos senhores e do povo negro a submissão.
Falaram-me das correntes, do tronco, da chibata e dos porões...
Não me falaram da resistência, das lutas, da organização.
Deixaram margem para que eu pensasse que o povo negro era idiota, que aceitava tudo calado.
Ao me falarem das plantações de café, dos canaviais, das minas e dos casarões, não me falaram da sua força, da sua inteligência, da sua capacidade de fazer um país com a força de seus braços.
Chegaram a afirmar que o povo negro era preguiçoso. Só trabalhava para não apanhar.

...Ao me falarem de sua identidade, contaram-me que eles chegavam aos montes, em navios negreiros,
Marcados a ferro como animais. Vendidos em feiras como mercadorias.
Não me falaram que o povo negro tinha alma, sangue, raízes.

Ao me falarem da sua fé, diziam apenas que eram supersticiosos, feiticeiros, cultuavam Deuses pagãos.
Não me falaram de sua religião, de sua fidelidade a um Deus vivo, cultuado com danças, cantos, gestos e rituais.
Não me falaram da alegria do povo negro ante o reconhecimento, que podiam contar com o senhor de todas as histórias...
Ao me falarem da beleza, definiram-na assim:
Ter traços finos, cabelos lisos e pele clara, era ser bonito.
Ter traços fortes, cabelos crespos e pele escura, era ser feio.
Não me falaram que o negro tem seu cheiro, sua característica.
Sua ginga, um olhar, um brilho especial.
Que o negro de cabeça erguida, encanta.
Que o negro é lindo! Que a negra é linda!

Ao me falarem da sua cultura... Aí, eu tenho vontade de chorar!
Nada falaram.
Fizeram-me pensar que o povo negro era uma folha atirada ao vento
Não me falaram que o povo negro tem um sangue diferente.
Sangue quente, nobre, forte e bonito
O regente de seu corpo, de sua cultura.
Uma energia que enobrece sua arte.
Que faz vibrar!
Que faz cantar!
Que faz dançar!
Que faz surgir sons especiais dos objetos simples e banais.
Falaram-me muito da Princesa Isabel.
Pouco, ou nada, de Zumbi dos Palmares.
Fizeram-me sentir tristeza por ser negra.
Fizeram-me sentir vergonha por ser negra.

Em meu corpo moreno, mulato, pardo, preto existe a pigmentação que define minha origem,
Em minha alma vibrante, meu espírito silencioso.
Em minhas veias vigorosas, corre o sangue dos meus ancestrais.
Sangue africano.
Sangue baiano.
Sangue mineiro.
Sangue negro
A pigmentação que dentro da raça humana define o meu povo negro!
AXÉ
Autoria – Cida Araújo 

segunda-feira, 20 de abril de 2015

A voz do silêncio

  

SILÊNCIO

O SILÊNCIO É A VOZ DO CORPODO GESTO,
DO OLHAR.

O SILÊNCIO É A VOZ DA MENTE,
DO RACIOCÍNIO,
DA LÓGICA ILÓGICA,
DE ARGUMENTOS FURADOS.

O SILÊNCIO...
O SILÊNCIO PROFUNDO...
É A VOZ DA ALMA,
DO CORAÇÃO
PARA ONDE CONVERGEM SENTIMENTOS INDECIFRÁVEIS,
IDIOTAS, RIDÍCULOS.

O SILÊNCIO É CICATRIZANTEE AO MESMO TEMPO INSTRUMENTO CORTANTE...
TOCANDO O MEU SER.
Do livro PARALELOS SOCIAIS Cida Araújo
Foto Rangel malta