terça-feira, 11 de novembro de 2008

Um novo capítulo da história começa a ser contado




ABRAM AS PORTAS

Abram as portas da senzala
Verão um ancião rodeado de jovens e crianças
Ele está contando histórias
É sua didática ensinar em parábolas
Misturando lendas, mitos, realidade,
Lembrando os ancestrais, o cativeiro, a escravidão
Mantém viva a memória
Faz a moçada perceber
Porque o povo negro tem garra, persistência, teimosia...
E vai à luta resgatando o seu valor.
Abram as portas da cozinha
Verão uma rainha à beira do fogão
Ela tempera a comida como tempera a vida
Se quiserem podem saborear
Deste manjar de sabedoria.
Portadora do axé
Ela carrega em seu ser as bênçãos do Divino.
É a mulher, mulher!
Negra, domesticada, desvalorizada;
Mas que, com elegância...
Conserva a sua dignidade.



Abram as portas da periferia,
Dos mangues, vilas e morros.
Aí estão os trabalhadores
Que sustentam a riqueza do país.
Eles constroem palácios, mansões, estradas;
E garantem a produção das fábricas.
Não encontrarão maquinários para preparação de drogas.
Nem condições para aquisição de armas.
São jovens, negros jovens, pobres jovens!
Brinquedo nas mãos de poderosos.
Abram as portas das universidades.
Os canais da comunicação.
Abram as portas da globalização,
Da tecnologia, do mercado de trabalho.
Da mídia, do poder constituído!
Negros e negras pedem passagem
Vêm cantando o canto da vitória
O samba enredo de sua própria história
História de Chico rei, zumbi dos palmares e outros.
Preparados para assumirem o seu lugar.
Abram as portas e batam palmas
Negros e negras chegaram pra ficar.






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