Tudo me tiraram Deixando-me nua, refém do deboche da sociedade. Tiraram-me a voz, a liberdade e a identidade. O orgulho de ser, de viver. De avançar com prazer. Deixando-me estagnada, exangue... Tiraram-me as pistas físicas Mas não o universo do mundo que vive em minhas células. Que transitam nas minhas veias E grita em silêncio no interior de mim. Calaram a minha voz. Mas não silenciaram o meu canto. Cida Araújo autora
terça-feira, 24 de junho de 2008
Da nascente a foz dos teus lábios - P. Mouram, Moçambique
África
Explodiu dentro de mim a África
Saiu pelos poros
E me levou pro quilombo
Encontrei meus ancestrais
Na pele daquela gente
Encontrei minha criança
No corpo daquela menina
Pisei a terra de meus ancestrais
Onde o sangue derramado
Brotou que nem semente
Depois de penetrar as entranhas
E fecundar a alma do barro preto de Itabira
Eu vi meus pais, minhas bisavós.
Na ginga
No canto
No depoimento
No lamento altivo
Daquele povo, um dia cativo.
Hoje livre.
Ginja, de Moçambique deu-me de presente essa tela pintada lá na África por seu amigo, P. Mouram.
Outra vez a arte e a poesia promovem o encontro.
Axé
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